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[CRÔNICA] Por mais tempo para viver

  • Foto do escritor: Giovana Costa
    Giovana Costa
  • 28 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

O mundo precisa de um pouco de inocência. Quando foi que deixamos de olhar o futuro com um brilho nos olhos? As pessoas parecem tão impacientes. Quando foi que deixamos de apreciar os momentos com calma e ternura? O tempo passa tão depressa que às vezes nem sequer notamos, os ponteiros giram numa velocidade que, muitas vezes, causam angústia. Uma herança da correria pós-moderna, talvez. Haja café para aumentar a energia e manter o ritmo.


Ao passo em que estão tão apressadas, as pessoas se fecham, até um contato espontâneo como um “bom dia!” pode assustar. Ansiedade para cumprir tudo dentro dos prazos estabelecidos é o que não falta. Aliás, ela acaba se tornando uma espécie de combustível, como um vício. Nessas horas não existe autocontrole, afinal são tantas incertezas, tantos questionamentos. Não trocam olhares e estão sempre se esbarrando, correndo para vencer o tempo. As bolhas sociais se formam, aprisionam e as ideologias só se chocam, não há acordos, nem concordâncias. O que seria escapismo também se torna instrumento de batalha, a vaidade não dá espaço a modéstia, até os gostos se dividem e tornam-se hierarquizados, sempre há algo mais atual, a música do momento já não é mais essa ou aquela, esse modelo já é obsoleto, “mas como assim ainda não assistiu aquela série?!”.


Quando crianças, nossas preocupações são menores ao passo que nossos corações parecem ser maiores, mais quentinhos e acolhedores. Não olhamos as diferenças com preconceito, interagimos com elas e estamos sempre querendo descobrir mais, não importa o tempo que leve. Padronizações e julgamentos são coisas chatas e sérias demais, “coisa de adulto”, queremos mesmo é brincar, aproveitar o tempo, aproveitar aquele doce favorito até a última mordida, curtir o pique-esconde e viajar através da imaginação. Quando é, então, que deixamos essa pureza escapar? Por que ter responsabilidades necessariamente significa perder parte desse modo lúdico de ver a vida? A inocência então, mostra-se uma cura, quando olhamos com dúvidas, olhamos com modéstia, olhamos sem egoísmo, rancor ou inveja. Aceitamos, encaramos o incerto e nos aventuramos nos pluralismos da vida sem medo de errar.


A ideia utópica de que a felicidade só se conquista através de uma maneira, ou então que se resume a cédulas e cifrões, além de ilusória é extremamente limitadora. Não existe fórmula para felicidade, mas é muito mais fácil encontrá-la através da empatia, do “viver um dia após o outro”, e exclusivamente através daquele sentimento tranquilo e cheio de esperança que nos preenche todos os dias durante a infância.


 
 
 

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