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Cronista Ricardo Ramos Filho traz no sangue a literatura

  • Foto do escritor: Giovana Costa
    Giovana Costa
  • 29 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Neto de Graciliano Ramos falou sobre sua vida e trajetória na literatura infantil.


Autor ainda comenta sobre o futuro dos jovens escritores no Brasil | Foto por: Amigos do livro

Representando a terceira geração da família, com livros editados no Brasil e no exterior, publicados em Portugal e nos Estados Unidos, o autor nascido em 1954, revelou que não pensava em ser escritor quando jovem. Fez graduação em Matemática na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no ano de 1985, quando foi para área de T.I. trabalhar em um banco. Os cálculos não duraram para sempre, em 1992 no mesmo ano em que seu pai Ricardo Ramos faleceu, escreveu o livro de memórias “Computador Sentimental”, que rapidamente se tornou um sucesso. A partir dessa publicação, sua carreira na literatura foi se desenvolvendo.

Em 2011, saiu do banco e fez um mestrado em Letras no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde estudou os romances de seu avô Graciliano Ramos, e atualmente é doutorando. Quando perguntado sobre a herança do talento como escritor, Ricardo brinca: “Meu pai é famoso pelos contos, meu avô pelos romances e eu simplesmente não sou famoso”. Ele ainda conta que, como a literatura sempre esteve presente na família em forma de romances e contos, o que lhe restava era a literatura infantil, mais especificamente as crônicas.

O autor revela que sempre foi um leitor compulsivo: “Não consigo dormir sem ler alguma coisa antes”. Conta que, quando pequeno, tinha horário para dormir, especificamente 20h30. Mas com a leitura, sempre ganhava uma hora extra acordado. O hábito sempre o ajudou a expandir os horizontes criativos e dentre suas referências, além do pai e do avô, estão: Monteiro Lobato, Jane Austen, Júlio Verne, Tolstói e Proust. “Tenho a fantasia de reler toda a obra de Proust quando estiver bem velhinho, este é o meu maior sonho”, confessa. Atualmente, Ricardo escreve crônicas mensais para o domínio virtual “Escritablog”, dá palestras sobre a trajetória de Graciliano Ramos, ministra diversos cursos e oficinas literárias, participa de inúmeros júris de prêmios da literatura e além disso, pretende lançar em breve pela editora Moderna a obra juvenil “Maria vai com poucas”.

Em relação a literatura infanto-juvenil no Brasil, ele garante que as coisas mudaram e se tornaram mais difíceis: “O problema é que essa literatura nasceu como uma reação a uma época em que se publicava somente literatura estrangeira, mas agora que a literatura infanto-juvenil brasileira existe, a estrangeira é mais barata, então é consequentemente mais publicada”. Entretanto, acredita que a literatura brasileira nunca esteve em um período tão fértil, como está no momento. Ele relata que gosta de diversos jovens escritores e romancistas da atualidade, e crê que o problema é puramente de marketing: “Nós simplesmente não aparecemos lá fora”.

Autor de obras como “Vovô é um cometa”, “O gato que cantava de galo”, “João Bolão”, “Se eu não me chamasse Raimundo”, entre outras, Ricardo garante que na literatura infantil não existe assunto proibido, sendo sua função diferente de educar: “A literatura nasce com a escola, mas o texto que possui a função didática é ruim, porque na realidade, a literatura infantil precisa ser lúdica”. Ele afirma que as ilustrações possuem um bom papel e dá atenção aos dois tipos de escritas: “Texto visual bom, é aquele que amplia o texto, que soma ao texto verbal”.

Em relação a publicação das obras, o autor deixa um recado especial para aqueles que pretendem ser escritores, deixando claro que o primeiro passo é ter consciência que se trata de um mercado difícil: “É preciso nunca desistir de escrever, é importante que você mesmo publique. Você pode bancar a publicação e colocar esses livros em um concurso, mas não desista”. Com uma visão positiva em relação a literatura no Brasil e uma trajetória inspiradora, Ricardo honra o talento que herdou da família, ao passo em que cria suas obras, trilhando seu próprio caminho.

 
 
 

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